Estratégias para fortalecer o comprometimento com a mudança

Comprometimento com a mudança para uma recuperação duradoura

Inicialmente, deve-se fazer um resumo da situação do paciente. Baseando-se nesta síntese será elaborada a relação da gama de todos os motivos possíveis para a mudança e reconhecer a ambivalência ou resistência por parte do paciente.

O terapeuta procura perceber quais as impressões que o paciente tem de seu problema; buscará reconhecer os pontos atraentes do antigo comportamento; o profissional fará sua própria avaliação da situação.

Deve-se perguntar ao paciente o que ele quer fazer e não o que ele deve fazer.

Quanto mais o paciente falar, mais dados o profissional terá para melhor avaliar o grau de comprometimento.

A escuta reflexiva é de total importância para esclarecer ao paciente alguns pensamentos que possam interferir no tratamento.

O profissional pode fornecer orientações e informações de uma maneira impessoal, desde que solicitadas pelo paciente, o qual avaliará se essas informações são adequadas à situação dele.

As respostas do paciente e as supostas orientações podem dar início a um plano de mudança e ação.
Para isso, o paciente elaborará um plano de metas.

Estas metas têm que ser claras e iniciadas da maneira que for melhor para o paciente.
Definidas as metas, devem ser analisados os meios que serão usados para alcançá-las.

Elaborar com o paciente um formulário de plano de mudança é considerado:

  • Quais os principais motivos que me levam a querer mudar ?
  • Quais os primeiros passos para a minha mudança?
  • Como executarei?
  • Quem poderia me ajudar para a mudança?

Desde que seja com o consentimento do paciente, um plano de ação público (divulgado para o cônjuge, familiares e outras pessoas indicadas pelo paciente) mostra um maior grau de comprometimento da parte do paciente) mostra um maior grau de comprometimento por parte do paciente.
Quando há determinação por parte do paciente para executar a mudança de comportamento, a ajuda do profissional é fundamental para fortalecer esse compromisso.

A entrevista motivacional no tratamento da dependência de drogas

A entrevista motivacional é comprovadamente eficaz no tratamento dos transtornos relacionados ao uso de álcool e drogas, mas já há evidências da validade do método para outras substâncias.

A entrevista motivacional é também um estilo de abordagem e postura em relação ao paciente e compartilha metas e preceitos teóricos com diversos programas de tratamento, razão pela qual a mesma é quase sempre combinada com modelos teóricos, como a prevenção da recaída e treinamento de habilidades sociais.

As intervenções breves em ambientes não especializados tais como unidade de atenção primária, pronto-socorros, escolas ou para a abordagem de indivíduos pouco motivados, que requerem intervenções curtas e objetivas, têm utilizado a entrevista motivacional com eficácia, não só para a redução do consumo, mas com aumentos da probabilidade de busca por tratamento especializado.

A utilização da entrevista motivacional também tem se mostrado eficaz entre adolescentes em diversos ambientes e modelos de atendimento.

Há também evidência de sucesso entre usuários de cocaína e em algumas situações.

Em um estudo-piloto, uma amostra de usuários de heroína e crack foi aleatoriamente dividida em dois grupos.

Um deles participou de uma única sessão motivacional visando a aumentar a prontidão para interromper o consumo da droga, enquanto o outro recebeu tratamento tradicional.

Três meses depois, não havia diferença no padrão de consumo de crack entre os grupos, mas os participantes da sessão motivacional utilizavam menos heroína.

Em outro estudo, um grupo de usuários de cocaína em tratamento com terapia cognitiva e doze passos, participou de duas sessões de terapia baseada na entrevista motivacional, enquanto outro praticou meditação.

Não houve diferenças quanto ao uso de cocaína, mas o grupo motivacional melhora superior do nível de emprego.

Esses achados, apesar de iniciais, parecem sugerir que a entrevista motivacional produz incrementos gerais, menos detectáveis quando os critérios de avaliação estão apontados para padrões de consumo e abstinência.

Curiosamente nesse mesmo estudo, os mais motivados no início do tratamento usavam mais cocaína um ano após a alta, em comparação aos pouco motivados.

Talvez a mensagem mais permissiva tenha um efeito menos organizador para os pacientes determinados.

Além disso, o entusiasmo desses com a perspectiva de abstinência é muitas vezes superficial, desaparecendo frente à primeira dificuldade.

Mais um sinal de que o estágio de determinação para a mudança não está isento de ambivalência e por isso nunca deve ser considerado um período de calmaria e inclinação certeira para a abstinência. 

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